quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Preciso...

Preciso diminuir os gastos, o tempo vago, minhas horas de sono (principalmente os sonhos), minha grande e tola distração... tenho que diminuir as lágrimas expostas, as lamentações das coisas que não foram, minha ingenuidade, meu grau irresponsável de sinceridade, minha insistente insanidade... Tenho que diminuir as emoções em altos picos. Dizem que isso é correr riscos demais. É, tenho que diminuir o vício de correr riscos demais. Diminuir a quantidade de pensamentos que rondam a minha mente. Diminuir minhas mãos que teima em agarrar, afoitas, a tudo e a todos. Diminuir a quantidade de palavras que se alojam acomodadas dentro da minha boca. E, de minha boca, diminuir o tom da voz, junto com as futilidades ditas por dizer, largadas por ai... Tenho que diminuir meus olhares vagos, minhas inúmeras e teatrais expressões. Tenho que diminuir a quantidade de chocolate, a gordura localizada, algumas medidas aqui e ali do meu corpo mutante, usado, abusado, inerente a minha mente... (será?) Tudo isso para alongar a minha vida...
E qual vida se tem quando é diminuída?
Tenho, sim, é que aumentar tudo para viver como tem que ser: vivendo.
Só isso...
Só isso tudo...

Um comentário:

  1. Gostei das construções metafóricas, um pensamento que puxa o outro e encontra empatia de quem lê! Muito bacana!

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