quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sem asas.

Depois de todo aquele tempo... todas as juras... depois que tudo perde a graça, quando as máscaras realmente caem, é que descobrimos de fato quem é quem. Após a novidade virar raridade, e você nem tem mais a mesma vontade, depois...
Quando as coisas começam a se arrumar, você sente aquele famoso nó. A sensação insuportável de querer  voltar a voar... mas agora, com essas asas cortadas, tão rentes, que nem se consegue mais abrir.
Após olhar a lua de tantas formas, com tanta alegria, tão perto!!!!!
Olhar ela assim, de longe... é tão ruim.
Já não posso voltar. Não tem mais como, agora é tarde demais. Olho para trás, vejo resquícios de minha asa. Meus olhos se enchem de água, mas quando me fizeram, explicaram que essa coisa de humano eu nunca teria.
Disseram para eu descer aqui, que seria provisório, era apenas para observar, cuidar, guiar, e então, finalmente voltar.
Cá estou, pensei bastante em como descer, pois ninguém poderia saber. Talvez tenha me precipitado no caminho, e de tanto correr, acabei esquecendo de minha tarefa. Cresci normalmente, com lindas asas, que sempre tomei o cuidado de esconder.
Observei, tudo ao meu redor... mas não lembrava do que deveria fazer, acabei andando em caminhos errados, tropeçando em minhas idéias e vontades, e então, quando estava tudo muito escuro, sombrio, solitário, resolvi que era hora de mudar. Topei mudar. Seguir em frente é sempre muito bom.
Resolvi então mudar a forma de agir, encontrei alguém que eu queria cuidar para toda a vida, comecei como todos os humanos, mas me envolvi serio demais, eu não lembrava das regras. E cometi o primeiro delito, o pior deles, me apaixonei.
Então num sonho, fizeram-me lembrar do que havia me esquecido naquela imensa corrida inicial.
Apareceram anjos malvados para me confundir, quase conseguiram levar minha alma. Não permiti, era tudo que eu tinha....
Então algo de estranho começava a acontecer em mim, meu corpo mudava... aconteceu então algo que mudaria o meu destino para sempre. Me avisaram que iria surgir um humano para ser, finalmente, guiado por mim.
Achei então, que logo, poderia voltar... preparava minhas asas, olhava tudo aqui numa imensa  despedida. Foi quando aconteceu o inesperado...
Acordei sem minhas asas. Já não me era permitido voltar. Haviam-me transformado num humano. Sentimentos, desejos... tudo...
Mas não apareceu ninguém para me explicar as regras, não havia placas, nada. Havia apenas uma criança em meus braços e um homem ao meu lado.
Não... eu deveria voltar!
Ninguém me respondeu.  Nenhum sonho mais aconteceu. Nada...
Hoje, não totalmente conformada, vivo aqui, sem asas. Olho para o céu, tenho um sentimento estranho, não sei explicar, uma vontade de voltar, de recompor minhas asas, de nunca ter participado daquela louca corrida.
Tenho a esperança de que um dia, alguém me escute, e mande o livro de regras dessa gente tão estranha.
Ah lua! Como gostaria de novamente com você conversar, mas estou tão longe que não podes me escutar.
Ah lua! Se soubesses como és feliz, mesmo que solitária, não pediria todos os dias para descer aqui. Depois de algum tempo, com certo envolvimento com os humanos, perde-se o brilho, a vontade, a alegria, e então, as asas. E não se pode mais voltar.


(Se copiar coloque os creditos, pois este ja esta registrado em meu nome)

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